
O português, que há 511 anos, por aí, chegou em terras tupiniquins, parece estar ameaçado: o Ministério da Educação e Cultura, órgão que deveria cuidar exatamente da educação e da cultura da sociedade brasileira, aprovou um livro de gramática portuguesa que não ensina gramática. Os autores justificam a defesa de um afrouxamento da norma culta como uma forma de evitar o preconceito com as diferentes formas de se expressar. Contudo, que preconceito não seria maior que este atestado de incapacidade, onde o órgão máximo da educação no país maleabiliza as leis da gramática como forma de privilegiar a variedade de dialetos dos jovens brasileiros? Se concordar o plural dos artigos com os substantivos é tão difícil assim, por que continuar a aceitá-lo nos exames e concursos públicos? Não seria isso uma discriminação sem igual? Afinal, segundo os nobres e doutos juízes do MEC, não valorizar as diferenças é sinônimo de discriminação - como se o padrão e a norma fossem o carrasco opressor das jovens mentes estudantis. A educação no Brasil está um fiasco. O país jamais alcançará os degraus de maior destaque no mundo enquanto preterir suas raízes, enquanto não se dispuser a realmente educar os jovens - sem imaginar que ensinar leis é tolir ao invés de formar. Desconfiemos de todo aquele que tenta afrouxar ou mesmo tornar mais branda e sem efeito a lei: certamente a discriminação não será extinta pelo decreto que invalida a universalidade das diferenças.