
O senhor coçou a cabeça e cerrou os lábios. Estava sem palavras, e tentou desviar seu olhar do óbvio. - A alma é como um espelho, disse ele enfim.
- Um espelho?
- Sim, como o espelho que nos revela quando frente a ele nos detemos.
- Mas então minha alma não sou eu?
- Olhe para a lagoa, disse o velho. Vê ali a imagem daquelas árvores?
- Mas claro!
- Pois então, digo que para elas a água que lhes reflete a imagem é a sua alma. Pense ainda: se a imagem refletida não existisse, haveria alguma possibilidade de aquelas árvores se conhecerem a si mesmas?
- Mas elas não podem se conhecer apenas porque vêem sua imagem refletida na água!
- Porque elas não possuem alma! Mas e se fossemos nós ali, a ver nossa imagem refletida no espelho d' água. Acha que conseguiríamos entender que aquela imagem revelada é a de nosso próprio ser?
- E como não?
- Pois então, isso mostra que em nós existe algo que se distingue da pura e simples materialidade. Somos o corpo visto, assim como a alma que vê!
- E quão bela me parece ser essa visão!
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