
Quando alguém chegou e disse "este pedaço de terra é meu!" iniciou-se então o processo de desigualdade entre os homens. Mas o bom selvagem de Rousseau tinha um problema - ele era bom por natureza. Alguém em nosso tempo poderia ainda acreditar que o homem seja bom por natureza? Ou antes - há alguma bondade ou maldade na natureza, deixada ela mesma em seu próprio desenrolar-se? Somos nós quem criamos o bom e o mau, nós nos tornamos devotados a um padrão de comportamento ao qual nos referimos. Nós criamos o homem - criamos a nós mesmos. E não haveria em tudo isso siginificativa 'maldade'? Ao contrário! O ato de modificarmos nossa natureza faz parte, como tendência inalienável, de nossa própria natureza. Somos algo entre as bestas e os deuses. Somos intermediários, indefinidos porque em constante definição de si, inconstantes porque em constante afirmação do que não pode se eternizar. E então se diria - isso tudo é bom, mau, ruim? Não há valoração na natureza. Somos isso - e nada além disso. Talvez esta certeza nos ajude a entender melhor para onde caminhamos. Talvez essa certeza não nos ajude em nada, e provoque em muitos um profundo niilismo incurável. Mas não podemos abrir mão da certeza. Afinal, ter certezas faz parte da nossa natureza humana, demasiadamente humana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário