Por que estas pulsões ocêanicas?

Pois é verdade que se eu não havia sequer pensado sobre uma metáfora que ilustrasse com precisão poética e elegância filosófica - sim, com precisão poética e elegância filosófica! - aquilo que encontro frente ao espelho, este reflexo que se produz em minha consciência: ao pensar na força do mar, no impacto voraz das ondas sobre as rochas, no ímpeto por vezes desmedido e incontido de uma pulsão marítima, oceânica, encontro nessa visão a pintura natural de minha própria natureza. E talvez só me falte descobrir onde o pintor escondeu seus pincéis... Mas para quê? Não há em tudo isso significativa - perfeição?

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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Polêmica?



Vamos (tentar) esquentar um pouquinho as coisas por aqui...
E ainda que eu pareça estar começando mais uma de minhas propostas devassas de expressão poética, o esquentar que se pretende fazer virá muito antes (espero) de um assunto que tem de algum modo se tornado uma polêmica nos lugares que frequento - qual seja, a eleição do Rio para sede das Olimpíadas de 2016. Isso porque para muitas pessoas, sobretudo aquelas preocupadas com a causa dos menos favorecidos e com a questão social de nosso país tão desigual, a vitória carioca parece ser um absurdo sem tamanho, já que a cidade muito pouco tem investido em saúde e educação, áreas sempre preteridas pela verba pública. Algumas chegaram mesmo a torcer contra a eleição do Rio. E a desilusão de estarem nas areias de Copacabana ao lado de uma multidão disposta a beber, cair, levantar, sustentando nos pés o samba e na boca o grito de alegria pela nossa vitória, foi tão amarga quanto uma manhã de dura ressaca depois de uma noitada daquelas. Mas isso me faz perguntar insistentemente - Será que a vitória de nossa cidade foi realmente a mais terrível consumação dos interesses do capital sobre os da sociedade, e que dela não podemos esperar nada senão mais miséria e desigualdade? Ou será que aqueles que se colocam contra o sistema econômico vigente (e sendo este o meu caso) precisam de fato recusar categoricamente esta excelente oportunidade de vermos mais uma vez o Rio como a grande capital cultural do país? Uma coisa nesta questão é certa: a vitória do Rio só possui potencialmente aquilo que dela nós poderemos fazer.
Qual a sua opinião? Se quiser opinar nesta 'polêmica', sinta-se à vontade. Afinal, a cidade (e a vitória) é de todos nós, impreterivelmente.