Por que estas pulsões ocêanicas?

Pois é verdade que se eu não havia sequer pensado sobre uma metáfora que ilustrasse com precisão poética e elegância filosófica - sim, com precisão poética e elegância filosófica! - aquilo que encontro frente ao espelho, este reflexo que se produz em minha consciência: ao pensar na força do mar, no impacto voraz das ondas sobre as rochas, no ímpeto por vezes desmedido e incontido de uma pulsão marítima, oceânica, encontro nessa visão a pintura natural de minha própria natureza. E talvez só me falte descobrir onde o pintor escondeu seus pincéis... Mas para quê? Não há em tudo isso significativa - perfeição?

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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.

domingo, 24 de julho de 2011


Morre mais uma diva com a idade fatídica de 27 anos. A flor da juventude desbotou intensa e danosa, como Janis Joplin e Jimi Hendrix, e a sua partida era bem mais do que previsível. Quando o mundo parece rendido ao seu talento, o artista perde a dimensão "social", "coletiva", por assim dizer, de sua própria individualidade. O apelo que emerge do mais íntimo de cada um, em forçar uma não aceitação de padrões ou limites, quaisquer que sejam, é assustadoramente maior nestes casos. A alma não suporta a imensa vastidão de sua "liberdade". Quem padece é o corpo, o ser mais frágil desta conjunção. O fim trágico, entretanto, parece atender a um desejo profundo de eternidade: a genialidade parece perdurar ainda mais quando encerrada tragicamente. Não apenas seu talento, mas a personalidade forte e atraente de Amy Winehouse, ainda e sempre ressoarão, por trás e em conjunto com sua música.