Por que estas pulsões ocêanicas?

Pois é verdade que se eu não havia sequer pensado sobre uma metáfora que ilustrasse com precisão poética e elegância filosófica - sim, com precisão poética e elegância filosófica! - aquilo que encontro frente ao espelho, este reflexo que se produz em minha consciência: ao pensar na força do mar, no impacto voraz das ondas sobre as rochas, no ímpeto por vezes desmedido e incontido de uma pulsão marítima, oceânica, encontro nessa visão a pintura natural de minha própria natureza. E talvez só me falte descobrir onde o pintor escondeu seus pincéis... Mas para quê? Não há em tudo isso significativa - perfeição?

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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Diálogos com a physis III



_ Como vai o Pedro?

_ Estamos indo...

_ Não parece ir muito bem.

_ Sabe como é, as mudanças...

_ Estamos sempre reclamando das mudanças... É difícil entender, mas tudo no mundo muda. Ao nosso redor as coisas fluem, umas com mais velocidade que outras, outras menos evidentes que umas. Por que esperamos que as pessoas sejam as mesmas, se as situações da vida também mudam?

_ Pois é, mas acho que acreditamos que o homem pode permanecer, de algum modo, com algumas das suas características, ou pensamentos, ou vontades...

_ Pois é, acreditamos. O velho problema da crença.

_ Sempre os velhos problemas...

_ Acho que por isso acreditamos que podemos permanecer os mesmos: porque sempre estamos envolvidos com os velhos problemas.

_ Acreditamos no sempre porque sempre acreditamos. Boa resposta.

_ Mais uma resposta a um velho problema...

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