Por que estas pulsões ocêanicas?

Pois é verdade que se eu não havia sequer pensado sobre uma metáfora que ilustrasse com precisão poética e elegância filosófica - sim, com precisão poética e elegância filosófica! - aquilo que encontro frente ao espelho, este reflexo que se produz em minha consciência: ao pensar na força do mar, no impacto voraz das ondas sobre as rochas, no ímpeto por vezes desmedido e incontido de uma pulsão marítima, oceânica, encontro nessa visão a pintura natural de minha própria natureza. E talvez só me falte descobrir onde o pintor escondeu seus pincéis... Mas para quê? Não há em tudo isso significativa - perfeição?

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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Péssimo Brado Retumbante!


Péssima - é a palavra para definir a série que a Globo apresenta, tentativa frustrada de entreter o público com as façanhas da política. A série peca não tanto pela atuação precária e delirante de iniciantes e veteranos, mas pela tentativa de sustentar como "política" aquela encenação surreal e farsesca que poderia ser aventada como tema, mas que passa ao longe dos verdadeiros conflitos de governo. As situações familiares - porque afinal é nisso que se encerra a série - daquele que alcança repentina e grotescamente o cargo de presidente tomam a dianteira para trazer, em algo que já parece ter sido percebido por alguns, as reais tentativas Globais, não de mostrar o papel de um verdadeiro político e de como se deve fazer política, mas sim preparar a mente ignorante das pessoas intelectuais - afinal, dificilmente o povão estará acordado para vê-la depois do BBB - para as próximas eleições que enfretaremos. Se não fóssemos tão débeis, os televisores desligados seriam uma unanimidade nacional.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Mario Ferreira dos Santos entre nós...

A obra de Mario Ferreira dos Santos, embora de uma vastidão invejável a qualquer Descartes ou Kant, permanece quase que inteiramente desconhecida do grande público de letras do Brasil. E isso se deve a várias razões; uma delas é que o forte apelo de nossa mente tupiniquim pela filosofia estrangeira nos bloqueou a sequer considerarmos a possibilidade de uma "filosofia no Brasil", que dirá a de nomearmos alguém das terras de cá como "filósofo". Obviamente, isto é um preconceito, tão grosseiro quanto qualquer definição que se possa fazer de o que seja a filosofia, sem incorrer em uma limitação pavorosa. Somos tão capazes de pensar o mundo e a nós mesmos como qualquer ser antropológico habitante deste planeta. Fazemos questão, no entanto, de nos atermos ao produto pronto, importado via terceiros, que tem massificado e alienado nosso pensamento frente às reais possibilidades que temos de compreendermos o homem e contribuirmos para o desenvolvimento da humanidade.
Outra razão de tamanho descaso está em que, aqueles poucos que se sentiram e se sentem agraciados por terem encontrado uma figura tão singular em solo brasileiro, se pensarmos o que pensamos de nós mesmos enquanto país, fazem muito pouco para resplandecer a luz de Ferreira aos menos afortunados. Até o momento, existiam apenas reedições de 4 dos seus livros, donde apenas um deles é imprescindível para a compreensão de seu legado enquanto filósofo: Lógica e Dialética é alguma coisa de bastante oportuna aos ares pouco frescos da mente filosófica atual, e sequer nos foi apresentada em uma edição cuidadosa e crítica, como se exigem os padrões atuais de publicação. Com muitos erros de impressão, notas confusas e mal trabalhadas, e uma introdução que beira ao folhetim muito mais que ao padrão de uma obra como esta que se dá a introduzir, o livro Lógica e Dialética se perde entre os demais livros da editora cristã Paulus como mais um livro. Se não fosse a iniciativa da editora É realizações, que vem publicando outras tantas importantes obras filosóficas, desconhecidas do público brasileiro, inclusive a de Mário Ferreira dos Santos, teríamos que lamentar esse descaso monumental com alguém que merecia uma apreciação, senão devocional, ao menos honrada.