Por que estas pulsões ocêanicas?

Pois é verdade que se eu não havia sequer pensado sobre uma metáfora que ilustrasse com precisão poética e elegância filosófica - sim, com precisão poética e elegância filosófica! - aquilo que encontro frente ao espelho, este reflexo que se produz em minha consciência: ao pensar na força do mar, no impacto voraz das ondas sobre as rochas, no ímpeto por vezes desmedido e incontido de uma pulsão marítima, oceânica, encontro nessa visão a pintura natural de minha própria natureza. E talvez só me falte descobrir onde o pintor escondeu seus pincéis... Mas para quê? Não há em tudo isso significativa - perfeição?

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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

As loucuras da vovó maquiavélica



O Lula enlouqueceu! A constatação é de Arnaldo Jabour, mas bem poderia ser de qualquer espectador das últimas novidades na política brasileira. É bastante conhecido o provérbio que diz “de médico e louco, todo mundo tem um pouco”, mas a saúde debilitada do senhor excelentíssimo ex-presidente da República parece ter afetado inclusive seus neurônios. Não, isto não é ironia – a questão é que boa parte do que acontece hoje no mundo, inclusive e acima de tudo no Brasil, tem se mostrado, quando dito, constantemente acrescido de um sentimento do ridículo, próprio daquelas épocas da história humana em que os fatos não condizem mais com aquilo que se esperaria deles: antes, contradizem de tal forma nossas expectativas que só podemos, em certa medida, desacreditá-los, e no fim, devido à falta de lógica dos agentes envolvidos na situação, rir do grotesco escancarado.
É bem verdade que se pode dar boas gargalhadas ouvindo os últimos noticiários – em que se apregoa cuidados com o planeta, beirando o catastrófico, apenas para provocar à ação quem menos degrada o meio ambiente, ou seja, a sociedade civil; ou então no vislumbre, diria mesmo horripilante, de uma CPI que se constrange a si mesma toda vez que intenta investigar mais a fundo o lamaçal de corrupção que desce “cachoeira abaixo”. O mais surpreendente, no entanto, é ver o senhor Lula tecer suas redes de influência corruptora de modo tão explícito que o riso latente nos lábios do povo só pode significar uma coisa: estamos diante de uma dominação descarada do aparelho estatal por parte do PT, que não medirá esforços, nas palavras do próprio Lula, para se manter no poder, custe o que custar.
Mas seria mesmo esse o significado do riso que esboçamos ao ver o ex-presidente ao lado de Maluf, aliando-se aos mais podres da política para satisfazer sua ambição à la Maquiavel? É provável que o povo nem chegue realmente a se dar conta do que vê, e ria de tudo isso apenas porque constate aquilo que já sabia faz tempo: que só a corrupção prevalece nestas terras. Contudo, mesmo inconscientemente, o espírito tupiniquim pode diagnosticar a loucura do seu semelhante medindo-a pela sua própria: nossa falta de preocupação com a política, com o que se faz dela por aqui, espelha o sorriso que damos ao ver uma cena como esta da foto. Rimos da loucura de nossa política pela nossa própria loucura em não nos preocuparmos com a política! E o que nos sobra? – Bem, temos praias, cerveja, carnaval. E quando tudo parece meio doido lá fora, o médico que há em nós foge em direção à loucura de nos deixar levar pela vida, de churrasco em churrasco, ao som dos pagodes de quintal ou do “batidão” que, muito sagazmente, denuncia: a vovó que ficou maluca incorporou no líder do PT. Quando o senhor Lula aparecer de peruca, ninguém mais terá dúvidas: rir é o melhor remédio.

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