Ando de certo modo afastado deste meu espaço de reflexão e exposição artística, e sem dúvidas este fato é um reflexo de meu tempo consumido principalmente pela filosofia. Certa vez, um querido professor me perguntou se o meu desejo pela literatura era maior que pela filosofia, se eu queria me dedicar mais àquela que a esta, ou vice-versa. Minha resposta foi uma menção a Sartre - para mim até hoje uma referência de que o estudo da filosofia e a entrega artística não são completamente estanques e distintos quanto se imagina. E muito pouco eu sabia que, ao me dedicar à filosofia, eu encontraria em seu interior uma batalha tão intensa por sua afirmação contra nada menos que a poesia. Enquanto alguns afirmam uma proximidade entre elas, outros decidem por negar totalmente um diálogo entre as duas. E eu não poderia escapar aqui de tomar minha posição nesta batalha - e luto ao lado daqueles que as aproximam, pelo fato de ambas possuírem em comum algo de que não podem abrir mão: a linguagem.
E já agora me parece evidente que todo o problema em saber o que cabe a uma enquanto arte, e a outra enquanto ciência, não pode se restringir a um problema de linguagem: dizer que poesia e filosofia se distinguem pela forma de sua expressão é no mínimo afirmar que tanto uma quanto a outra precisam se restringir a um tipo específico de estilo, de termos, e que o uso desmesurado de um outro tipo que não lhe pertence expressa um anacronismo absurdo por parte daquele que o executa. Quem afirma tal coisa muito pouco conhece do desenvolvimento tanto da filosofia quanto da poesia. O desejo de as distinguir acaba por criar teorias absurdas que maculam as finalidades últimas de cada uma delas.
E qual seja? A que tende o criar estético e o pensar filosófico? Ambos, e novamente uma aproximação se faz necessária - ambos tendem à desenvolver uma reflexão sobre a existência humana. Esta é a finalidade de toda a busca filosófica e estética do homem. O que as distingue, e apenas isso, é o valor que se oferece na arte à intuição, e na filosofia à razão. Estes dois instrumentos, que pertencem a alma humana, e portanto ao modo de conhecer a si mesmo e ao mundo, são parte de todo o processo de desenvolvimento de uma autoconsciência do homem ao longo de sua história. E neste sentido, filosofia e poesia são inseparáveis: poder-se-ia mesmo pensar se elas de fato não deveriam estar plenamente unidas, imbricadas, confluindo para este mesmo fim; e alguns grandes filósofos e poetas de gênio já nos mostraram que não só isso deve se realizar definitivamente, mas da própria realização desta união depende um maior e mais profícuo conhecimento de nós mesmos.
E já agora me parece evidente que todo o problema em saber o que cabe a uma enquanto arte, e a outra enquanto ciência, não pode se restringir a um problema de linguagem: dizer que poesia e filosofia se distinguem pela forma de sua expressão é no mínimo afirmar que tanto uma quanto a outra precisam se restringir a um tipo específico de estilo, de termos, e que o uso desmesurado de um outro tipo que não lhe pertence expressa um anacronismo absurdo por parte daquele que o executa. Quem afirma tal coisa muito pouco conhece do desenvolvimento tanto da filosofia quanto da poesia. O desejo de as distinguir acaba por criar teorias absurdas que maculam as finalidades últimas de cada uma delas.
E qual seja? A que tende o criar estético e o pensar filosófico? Ambos, e novamente uma aproximação se faz necessária - ambos tendem à desenvolver uma reflexão sobre a existência humana. Esta é a finalidade de toda a busca filosófica e estética do homem. O que as distingue, e apenas isso, é o valor que se oferece na arte à intuição, e na filosofia à razão. Estes dois instrumentos, que pertencem a alma humana, e portanto ao modo de conhecer a si mesmo e ao mundo, são parte de todo o processo de desenvolvimento de uma autoconsciência do homem ao longo de sua história. E neste sentido, filosofia e poesia são inseparáveis: poder-se-ia mesmo pensar se elas de fato não deveriam estar plenamente unidas, imbricadas, confluindo para este mesmo fim; e alguns grandes filósofos e poetas de gênio já nos mostraram que não só isso deve se realizar definitivamente, mas da própria realização desta união depende um maior e mais profícuo conhecimento de nós mesmos.
3 comentários:
O que me chamou atenção a esse post foi a foto da escultura. Eros e Psiqué, se não estou enganada. Eu tenho essa foto =). Diga aí, quem seria a Filosofia e quem seria a Literatura?
E vc chegou a expor seu ponto de vista para o seu professor ou o eg dele nao permitiu?
Oi minha querida, foi isso mesmo, uma referência ao constante conflito entre Eros e Psiqué, que se dá também entre a poesia e a filosofia... Mas se eu disser a quem acredito corresponder uma e outra, vou estragar a intuição dos meus leitores... divirta-se!
E quanto ao meu professor, sim, ele me deixou expor meu ponto de vista, com o qual também condordava, ele que é também um artista e grande admirador de Sartre. Não foi preciso dizer muito depois disso...
Estragar a intuição dos meus leitores foi ótima, rsrsrs
Vou ver se eu consigo descobrir quem é quem!
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