Por que estas pulsões ocêanicas?

Pois é verdade que se eu não havia sequer pensado sobre uma metáfora que ilustrasse com precisão poética e elegância filosófica - sim, com precisão poética e elegância filosófica! - aquilo que encontro frente ao espelho, este reflexo que se produz em minha consciência: ao pensar na força do mar, no impacto voraz das ondas sobre as rochas, no ímpeto por vezes desmedido e incontido de uma pulsão marítima, oceânica, encontro nessa visão a pintura natural de minha própria natureza. E talvez só me falte descobrir onde o pintor escondeu seus pincéis... Mas para quê? Não há em tudo isso significativa - perfeição?

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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Preconceitos prejudiciosos e prejudiciais


Nieztsche dizia que o psicólogo tem de afastar a vista de si para enxergar - em outras palavras, afastar-se do eu imóvel e substancial para entender-se dialeticamente lançado ao movimento do mundo e das coisas à volta - do mundo e de nós mesmos, por certo, mas um movimento que esconde algo essencial, na verdade que o revela, a despeito do vir a ser eterno, ou por causa dele: o mundo do movimento e do ser-e-não-ser é em suma o mundo do ser no tempo, da essência no acidental, da forma no material. E todo psicólogo que se preze, ao olhar para o mundo e para o outro, tece sobre seu olhar as considerações mais inerentes à própria alma. Neste ponto, afastar-se de si é em suma encontrar-se no mundo. E é neste movimento que me encontro, e a ele tenho entregado o grosso das horas de meus dias. Mas não é isso um perder, um deixar de viver? A pergunta que deveria ser feita é esta - Há outra vida a ser vivida? Sócrates tinha razão, a despeito de Nietzsche.

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