Muita
gente acredita que está na falta de amor e no egoísmo natural do homem a
causa dos constantes desentendimentos que as relações com o outro nos
apresentam, quando quase sempre o que há é falta de uma boa capacidade
de interpretar o que o outro está dizendo, entendê-lo a partir de si
mesmo e não de nós. Quando digo nas minhas aulas que aprender a dominar o
português e ser capaz de interpretar um texto são ensinamentos que
resultam em transformar-se a si mesmo e a sua forma de existir no mundo,
não exagero: a vida humana exige um contato constante com as palavras
para não terminar em vexame.
Ou como mostrar a alma quando não se pode olhá-la no espelho, embora ela esteja ali, nos observando...
Por que estas pulsões ocêanicas?
Pois é verdade que se eu não havia sequer pensado sobre uma metáfora que ilustrasse com precisão poética e elegância filosófica - sim, com precisão poética e elegância filosófica! - aquilo que encontro frente ao espelho, este reflexo que se produz em minha consciência: ao pensar na força do mar, no impacto voraz das ondas sobre as rochas, no ímpeto por vezes desmedido e incontido de uma pulsão marítima, oceânica, encontro nessa visão a pintura natural de minha própria natureza. E talvez só me falte descobrir onde o pintor escondeu seus pincéis... Mas para quê? Não há em tudo isso significativa - perfeição?
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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.
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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.
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