Por que estas pulsões ocêanicas?

Pois é verdade que se eu não havia sequer pensado sobre uma metáfora que ilustrasse com precisão poética e elegância filosófica - sim, com precisão poética e elegância filosófica! - aquilo que encontro frente ao espelho, este reflexo que se produz em minha consciência: ao pensar na força do mar, no impacto voraz das ondas sobre as rochas, no ímpeto por vezes desmedido e incontido de uma pulsão marítima, oceânica, encontro nessa visão a pintura natural de minha própria natureza. E talvez só me falte descobrir onde o pintor escondeu seus pincéis... Mas para quê? Não há em tudo isso significativa - perfeição?

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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.

domingo, 17 de maio de 2009

Eu e a noite




Os passos que passavam lentamente
Enquanto eu caminhava pela rua
Eram os sons de um amor inconsequente
Que lhe deixaram, a noite, toda nua.

Extasiado fiquei completamente
Ao perceber que a bela luz da lua
Parada estava, bem na minha frente
Como se a noite fosse toda sua.

Ela me disse saber do nosso amor,
Sorriu pra mim e foi-se sem demora
E me deixou, só eu e minha dor.

Com um sorriso voltei, em plena aurora,
A caminhar, sabendo sem tremor,
Que os passos, desgraça, eram uma senhora.

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