Por que estas pulsões ocêanicas?

Pois é verdade que se eu não havia sequer pensado sobre uma metáfora que ilustrasse com precisão poética e elegância filosófica - sim, com precisão poética e elegância filosófica! - aquilo que encontro frente ao espelho, este reflexo que se produz em minha consciência: ao pensar na força do mar, no impacto voraz das ondas sobre as rochas, no ímpeto por vezes desmedido e incontido de uma pulsão marítima, oceânica, encontro nessa visão a pintura natural de minha própria natureza. E talvez só me falte descobrir onde o pintor escondeu seus pincéis... Mas para quê? Não há em tudo isso significativa - perfeição?

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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A sua voz



No toque, no olhar,
na rima incontida de um gesto
no pulso pulsante da canção
que não se desfaz na boca
como mel, mas alimenta,
alivia, dá prazer... Assim,
mesmo que pudesse evitar
já não posso,
já não sou capaz de ouvir a voz
daquela insegurança que
tanto, tanto me aprisionava.
Agora aqui mesmo só
uma voz que me toma
que me invade
apenas uma palavra que me enleva
que me alegra, que me diz
– siga e não tente entender,
ouça e não tente escutar,
pois não há nada além do que
apenas o instante, o agora
tão-só para sempre o amar.


Um comentário:

Prih disse...

Não canso de ler essa poesia...haha..