Por que estas pulsões ocêanicas?

Pois é verdade que se eu não havia sequer pensado sobre uma metáfora que ilustrasse com precisão poética e elegância filosófica - sim, com precisão poética e elegância filosófica! - aquilo que encontro frente ao espelho, este reflexo que se produz em minha consciência: ao pensar na força do mar, no impacto voraz das ondas sobre as rochas, no ímpeto por vezes desmedido e incontido de uma pulsão marítima, oceânica, encontro nessa visão a pintura natural de minha própria natureza. E talvez só me falte descobrir onde o pintor escondeu seus pincéis... Mas para quê? Não há em tudo isso significativa - perfeição?

***

A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Penso que sinto



Penso todas as noites nas noites
que não passei ao seu lado,
penso em todas as horas que vi
meu corpo ali, abandonado.


Penso: sem seu existir não existe
o eu querer ser amado,
penso que de pensar já basta
o estar aqui, envergonhado.


E então me calo, pois sinto -
sinto em amá-la sem pecado.

Nenhum comentário: