Alguém poderia dizer que a nova lady fatal que a música pop ganhou nos últimos anos seja apenas isso - apenas uma dentre inúmeras outras ladys fatais da música pop. A exemplo da maravilhosa Beyoncé, da caliente Shakira, de Rihana e o conjunto de beldades do Pussycat dolls, ou qualquer das inúmeras outras divas que circulam pelo mundo e pela internet, no melhor estilo consuma-o-que-lhe-agrada, Lady Gaga parece ter chegado no mundo dos paparazzis para ficar, já que sua música e seus vídeos são tão envolventes e tão polêmicos quanto deseja seu público, que só faz aumentar. Mas ela nos oferece mais. A lady fatal de Bad Romance não é uma cópia desmerecida da deusa Like a Virgin, não é uma Spears perdida em seu processo mimético, nem mesmo um produto meramente frabricado a partir da genialidade de Michael Jackson e dos mestres do cinema. Gaga se cria a si mesma, é verdade, como um produto que visa unicamente a fama, o público, o mundo. Um produto, entretanto, que emerge em sua agressividade objetiva com a força de uma lenda, recolhendo das mais variadas fontes, as melhores, o seu melhor a oferecer, pois como uma amante desta Fame Monster, Gaga sabe exatamente o tempo que ela pode durar. E ela quer mais, quer ir além do tempo. A eternidade é o limite para aqueles que se apoiam sobre os ombros de gigantes, desde que ele mesmo tenha tamanho suficiente para subir em seus ombros. E a musa sexual de Alejandro é sim, como se vê, uma gigante. Embora próxima demais de nós, o que nos impeça de ver sua real grandeza. Talvez, quem sabe, em uma época ulterior, onde algum outro gigante se apoiará sobre seus ombros, para continuar a caminhada, sem chegar ao infinito da potência humana.
Ou como mostrar a alma quando não se pode olhá-la no espelho, embora ela esteja ali, nos observando...
Por que estas pulsões ocêanicas?
Pois é verdade que se eu não havia sequer pensado sobre uma metáfora que ilustrasse com precisão poética e elegância filosófica - sim, com precisão poética e elegância filosófica! - aquilo que encontro frente ao espelho, este reflexo que se produz em minha consciência: ao pensar na força do mar, no impacto voraz das ondas sobre as rochas, no ímpeto por vezes desmedido e incontido de uma pulsão marítima, oceânica, encontro nessa visão a pintura natural de minha própria natureza. E talvez só me falte descobrir onde o pintor escondeu seus pincéis... Mas para quê? Não há em tudo isso significativa - perfeição?
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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.
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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.
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