Péssima - é a palavra para definir a série que a Globo apresenta, tentativa frustrada de entreter o público com as façanhas da política. A série peca não tanto pela atuação precária e delirante de iniciantes e veteranos, mas pela tentativa de sustentar como "política" aquela encenação surreal e farsesca que poderia ser aventada como tema, mas que passa ao longe dos verdadeiros conflitos de governo. As situações familiares - porque afinal é nisso que se encerra a série - daquele que alcança repentina e grotescamente o cargo de presidente tomam a dianteira para trazer, em algo que já parece ter sido percebido por alguns, as reais tentativas Globais, não de mostrar o papel de um verdadeiro político e de como se deve fazer política, mas sim preparar a mente ignorante das pessoas intelectuais - afinal, dificilmente o povão estará acordado para vê-la depois do BBB - para as próximas eleições que enfretaremos. Se não fóssemos tão débeis, os televisores desligados seriam uma unanimidade nacional.
Ou como mostrar a alma quando não se pode olhá-la no espelho, embora ela esteja ali, nos observando...
Por que estas pulsões ocêanicas?
Pois é verdade que se eu não havia sequer pensado sobre uma metáfora que ilustrasse com precisão poética e elegância filosófica - sim, com precisão poética e elegância filosófica! - aquilo que encontro frente ao espelho, este reflexo que se produz em minha consciência: ao pensar na força do mar, no impacto voraz das ondas sobre as rochas, no ímpeto por vezes desmedido e incontido de uma pulsão marítima, oceânica, encontro nessa visão a pintura natural de minha própria natureza. E talvez só me falte descobrir onde o pintor escondeu seus pincéis... Mas para quê? Não há em tudo isso significativa - perfeição?
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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.
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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.
2 comentários:
Olá.
Não sei se você notou, mas desde o começo a Globo diz ser uma série fictícia, num Brasil fictício. Não tem motivos para criticar a série se baseando na realidade. Não nos interessa se a série retrata, ou não, a política - apesar da série ser bem sincera quanto as corrupções e esquemas táticos feitos pelos nossos queridos políticos -, o que nos interessa é a mensagem passada - e que poucos prestam atenção.
Veja, vocês insistem em chamar a Globo de manipuladora, mas ela não é. Manipular é uma palavra muito forte, principalmente nos dias de hoje. Digamos que ela é uma influenciadora. Ela te influencia passando apenas um lado da notícia e do mundo, enquanto omite o resto. Correto? Correto. E é óbvio que, para uma série dessas ser aprovada, há algum motivo por trás - obscuro ou não. Mas não procuro pensar nisso, apesar de estar muito claro para mim: O Brado Retumbante retrata exatamente o governo Petista. E é óbvio que, a pessoa (do PT) com o mínimo de inteligência, iria se sentir incomodada com a série. É aí que entra críticas sem fundamento ou profundidade.
Então, caro Cesar de Alencar, se você não é Petista, então peço que siga uma dica minha: não seja tão paranoico quanto as ''manipulações''. Infelizmente você não pode fugir delas - por mais que isso soe estranho, você está sendo manipulado para acreditar que haja manipulação em tudo. Assista pelo conteúdo, pela mensagem; esqueça a Globo, esqueça suas paranoias. Descarte o inútil e absorva a mensagem importante que a série quer passar. Abraços, Anônimo.
Olá Anônimo,
fico lisonjeado desde já pela leitura do meu (pequeno) comentário à série da Globo, e mais ainda pela sua iniciativa em responder a minha indignação - embora sem se apresentar às claras. Acho que muito poucas vezes houve alguém para se manifestar ao que eu publico aqui.
Queria começar dizendo que não sou petista, e nem acho que a série tenha como objetivo retratar o governo do PT, como você sugere. Ao contrário, a mensagem chega tanto a uma ficção demasiada que sequer é possível relacionar os apelos ficcionais do presidente súbito ao tipo de intenção governista praticada pelos lulistas. Se a série teve como intenção mostrar o cotidiano da política brasileira, de corrupção em corrupção, o que ela fez foi apenas intensificar nosso estado latente de inconformidade, mas com aquela sensação ao fundo de que "nada pode ser feito" - o que é já, em sua intenção, lamentável. Se a série de gaba de tanta verve fictícia, deveria ao menos acentuar a possibilidade de mudança deste quadro com uma encenação real de mudança do quadro - o que acredito não ter sido feito, e se não o foi, as intenções ficcionais da série não me interessarão por mero entretenimento. O real como ele é pode ser visto nos jornais diários (O Globo entre eles...). Se para você não importa que uma série sobre a política brasileira não retrate a política brasileira, a mim em nada acrescenta algo como isso. Fiquei curioso então, pelo seu comentário, em saber que mensagem é esta que você diz ter a série passado a nós, seus mais fiéis espectadores...
Queria ainda, pra terminar, concordar com o seu apelo a que eu abandone minha inegável "paranóia" com a "manipulação" da informação pela Globo - mas infelizmente não poderia. Em um país onde uma única emissora de televisão alcança picos estratosféricos de audiência (nos EUA, atingir, por exemplo, 5% da audiência é comemorado com fogos em praça pública!), com quase o monopólio inteiro dos veículos de informação - tv, rádio, jornal - eu não poderia achar que isto se deve ao teor de "isenção" que ela propaga sobre seu próprio jornalismo, e que a sua força "influenciadora" se meça pela percepção de quase a totalidade dos brasileiros sobre tamanha "isenção". O povo brasileiro, infelizmente, não está interessado nestas questões. E justamente por esta ignorância generalizada que percebo a "influência", como você diz, sendo exercida grosseiramente. Duvido deveras (talvez seja mal de aspirante a filósofo) que o que me é dito ou mostrado pela sra. Globo não seja "manipulado". Influenciar com base na escolha determinada de informações, e no enfoque que se dá a elas, no meu pequenino entender, é já grosseira manipulação. E se a palavra é forte - bem, é com força que se deve lutar contra os fortes...
Grande abraço, Cesar de Alencar.
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