Por que estas pulsões ocêanicas?

Pois é verdade que se eu não havia sequer pensado sobre uma metáfora que ilustrasse com precisão poética e elegância filosófica - sim, com precisão poética e elegância filosófica! - aquilo que encontro frente ao espelho, este reflexo que se produz em minha consciência: ao pensar na força do mar, no impacto voraz das ondas sobre as rochas, no ímpeto por vezes desmedido e incontido de uma pulsão marítima, oceânica, encontro nessa visão a pintura natural de minha própria natureza. E talvez só me falte descobrir onde o pintor escondeu seus pincéis... Mas para quê? Não há em tudo isso significativa - perfeição?

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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.

domingo, 6 de maio de 2012

Aborto e outras mortes desumanas...


Um ser humano encontrado em uma floresta perdido, por volta dos seus oito ou nove anos, sem ter nenhum tipo de comunicação anterior com sociedades, sem ter aprendido a falar e a pensar como nós, desprovido de cidadania, desprotegido em meio à selva da vida. É justo matar este ser a partir da opinião de que ele não é "humano"? O que esse "humano" quer dizer? Ausência de pleno desenvolvimento, em um indivíduo de uma determinada espécie, das capacidades possíveis àquela espécie é razão para não classificá-lo como a ela pertencente? Uma criança ou um idoso profudamente debilitado não são mais humanos porque não dotados da capacidade de exercerem plenamente suas possibilidades? É razão suficiente para matar alguém que ele ainda não ou não mais apresente as propriedades plenas do "humano"? Qualquer tentativa de justificar a morte de um feto ainda não barriga da mãe esbarra na mesma consideração.

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