Um ser humano encontrado em uma floresta perdido, por volta dos seus oito ou nove anos, sem ter nenhum tipo de comunicação anterior com sociedades, sem ter aprendido a falar e a pensar como nós, desprovido de cidadania, desprotegido em meio à selva da vida. É justo matar este ser a partir da opinião de que ele não é "humano"? O que esse "humano" quer dizer? Ausência de pleno desenvolvimento, em um indivíduo de uma determinada espécie, das capacidades possíveis àquela espécie é razão para não classificá-lo como a ela pertencente? Uma criança ou um idoso profudamente debilitado não são mais humanos porque não dotados da capacidade de exercerem plenamente suas possibilidades? É razão suficiente para matar alguém que ele ainda não ou não mais apresente as propriedades plenas do "humano"? Qualquer tentativa de justificar a morte de um feto ainda não barriga da mãe esbarra na mesma consideração.
Ou como mostrar a alma quando não se pode olhá-la no espelho, embora ela esteja ali, nos observando...
Por que estas pulsões ocêanicas?
Pois é verdade que se eu não havia sequer pensado sobre uma metáfora que ilustrasse com precisão poética e elegância filosófica - sim, com precisão poética e elegância filosófica! - aquilo que encontro frente ao espelho, este reflexo que se produz em minha consciência: ao pensar na força do mar, no impacto voraz das ondas sobre as rochas, no ímpeto por vezes desmedido e incontido de uma pulsão marítima, oceânica, encontro nessa visão a pintura natural de minha própria natureza. E talvez só me falte descobrir onde o pintor escondeu seus pincéis... Mas para quê? Não há em tudo isso significativa - perfeição?
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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.
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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.
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