Tudo bem que Lady Gaga fascina até certo ponto com sua mistura não pouco sedutora de som e imagem, provocando os olhos a perceberem aquilo que a mente não quer ver, ou não pode. Mas sua mensagem não é nova, tornou-se ao contrário constante desde o momento em que se resolveu depor a qualquer custo as conquistas da civilização, dando voz as partes mais baixas ou ao que se marginalizou diante da cristalização inerente aos avanços de um padrão de cultura. Qualquer padrão exclui, e são os excluídos que se pretende fazer ouvir pela nova proposta cultural sob a qual vivemos. Gaga é um símbolo, é um condensado dessas inúmeras vozes postas em cena pela força da personalidade de um indivíduo, uma missão que toda grande persona acaba atraindo para si: a de ser a manifestação de muitas vozes, não necessariamente as mais baixas como a voz e o corpo de Gaga manifestam.
O que se vê, porém, em terras brasileiras é uma caricatura de tudo o que há de mais elevado na cultura humana, uma impenitente caricatura das grandes personalidades e das grandes ideias! E não é mesmo uma caricatura grosseira, mais ainda, uma caricatura terrível de Gaga o que essa moça resolveu fazer aqui? Mas como é próprio ao caricato ser irônico de algum modo, cubro-me também de ironia para dizer o quanto esse vídeo me fascinou: que admirável a construção do cenário e dos figurinos, que harmonia graciosa essa donzela popozuda conseguiu imprimir para fazer dialogar música, letra e ambientação, quanta criatividade na escolha dos seus parceiros de dança, dos passos que acompanham a música, da poesia aludida por cada verso cantado com uma voz de fazer inveja às mais brilhantes sopranos da música universal! É realmente admirável ver a capacidade que temos de por aqui nos deixar levar por uma excelência tão incomum aos nossos olhos como essa com a qual a srta. Valesca nos presenteia. Se o grotesco de Gaga é fazer ver o que nossa civilização excluiu, é imensamente mais grotesco quando a caricatura mais baixa possível do que há de mais baixo na civilização resolve dar ares de uma grande coisa. Nada mais digno de se recusar a ver.
O que se vê, porém, em terras brasileiras é uma caricatura de tudo o que há de mais elevado na cultura humana, uma impenitente caricatura das grandes personalidades e das grandes ideias! E não é mesmo uma caricatura grosseira, mais ainda, uma caricatura terrível de Gaga o que essa moça resolveu fazer aqui? Mas como é próprio ao caricato ser irônico de algum modo, cubro-me também de ironia para dizer o quanto esse vídeo me fascinou: que admirável a construção do cenário e dos figurinos, que harmonia graciosa essa donzela popozuda conseguiu imprimir para fazer dialogar música, letra e ambientação, quanta criatividade na escolha dos seus parceiros de dança, dos passos que acompanham a música, da poesia aludida por cada verso cantado com uma voz de fazer inveja às mais brilhantes sopranos da música universal! É realmente admirável ver a capacidade que temos de por aqui nos deixar levar por uma excelência tão incomum aos nossos olhos como essa com a qual a srta. Valesca nos presenteia. Se o grotesco de Gaga é fazer ver o que nossa civilização excluiu, é imensamente mais grotesco quando a caricatura mais baixa possível do que há de mais baixo na civilização resolve dar ares de uma grande coisa. Nada mais digno de se recusar a ver.
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