Por que estas pulsões ocêanicas?

Pois é verdade que se eu não havia sequer pensado sobre uma metáfora que ilustrasse com precisão poética e elegância filosófica - sim, com precisão poética e elegância filosófica! - aquilo que encontro frente ao espelho, este reflexo que se produz em minha consciência: ao pensar na força do mar, no impacto voraz das ondas sobre as rochas, no ímpeto por vezes desmedido e incontido de uma pulsão marítima, oceânica, encontro nessa visão a pintura natural de minha própria natureza. E talvez só me falte descobrir onde o pintor escondeu seus pincéis... Mas para quê? Não há em tudo isso significativa - perfeição?

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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Desespero



O descaso do acaso me perturba
faz pensar que estamos naufragando,
estas ondas, o vento forte, aquela dor
e a angústia que se vai acumulando -

Há meio de afastar esse temor
sem que o medo nos tenha afundado?

Entre essa sensação de desespero
e a verdade que nos traga salvação
só há pois o fundo fosso do incerto
onde ninguém sobrevive desde então.

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