O que vou dizer de fato não é nenhuma novidade - mais uma vez o populismo e a máquina do governo levaram mais uma eleição. O problema, contudo, é que isto se deveu em grande parte à estratégia política, executada pelo Governo Estadual em parceria com a União, de levar para bem longe uma parcela significativa dos cidadãos cariocas. Sim, me refiro a brilhante jogada de adiantar o feriado do servidor público destas duas esferas, de terça para segunda, emendando aqueles tão queridos e louvados "feriadões" pelo qual espera ansioso todo justo trabalhador [incluindo-me entre esses, claro]. O problema é que esse "feriadão" poderia comprometer o futuro de toda a cidade do Rio nos próximos quatro anos - E não é que comprometeu? Pois está aí, meus queridos - Há algum? - leitores: elegemos o "nosso" prefeito e pagaremos a pena por isso. Mas como: elegemos, nosso? Longe de mim! O problema é que, mesmo não fazendo parte da terrível massa que votou pela Paes, e o que é mais impressionante, não tendo fugido do meu dever cívico para alguma das incontáveis praias deste litoral abençoado, pagarei juntamente com todos por essa omissão, por esse descaso com a cidade e com seu futuro, cidade que possuía uma oportunidade histórica de tomar novo rumo e alcançar melhores ares... mas preferiram Paes... Se pudéssemos responsabilizar os culpados, condená-los! Mas quem? Os justos trabalhadores da máquina do governo, que preferiram o sol e as ondas a se imiscuírem em mais um pleito sem sentido? A massa votante que pelas ruas, pelos santinhos espalhados pela cidade, pelos cartazes dependurados nas janelas e nos carros, bradavam em alto e bom som a vontade de terminarem tudo em Paes? A nós que exercemos nosso dever de cidadãos e comprometidos com o futuro da cidade optamos pela cultura e não pelo populismo? De quem é a culpa? Parece-me que o verdadeiro culpado de tudo isso - e não posso resistir em dizer, porque esse demônio que se pôs ao meu lado não para de me perturbar com essas palavras! - Sim, me parece que o verdadeiro culpado, aquele que deve ser responsabilizado por todo o descaso e atraso e fracasso de uma cidade gloriosa, é ele, senão outro - Certamente devemos culpar este que ainda é o "nosso" prefeito: mais uma vez devemos culpá-lo, Cesar Maia! É sua a culpa por não ter também aderido a esta manobra política de adiantar o feriado, obrigando seus pobres e vitimados servidores municipais a comparecerem às urnas e decidirem pelo futuro sozinhos. Sim, o demônio tem razão - Cesar Maia é o culpado, o único e ninguém mais! Viva os cidadãos maravilhosos da cidade maravilhosa! (sic)
Ou como mostrar a alma quando não se pode olhá-la no espelho, embora ela esteja ali, nos observando...
Por que estas pulsões ocêanicas?
Pois é verdade que se eu não havia sequer pensado sobre uma metáfora que ilustrasse com precisão poética e elegância filosófica - sim, com precisão poética e elegância filosófica! - aquilo que encontro frente ao espelho, este reflexo que se produz em minha consciência: ao pensar na força do mar, no impacto voraz das ondas sobre as rochas, no ímpeto por vezes desmedido e incontido de uma pulsão marítima, oceânica, encontro nessa visão a pintura natural de minha própria natureza. E talvez só me falte descobrir onde o pintor escondeu seus pincéis... Mas para quê? Não há em tudo isso significativa - perfeição?
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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.
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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.
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