Por que estas pulsões ocêanicas?

Pois é verdade que se eu não havia sequer pensado sobre uma metáfora que ilustrasse com precisão poética e elegância filosófica - sim, com precisão poética e elegância filosófica! - aquilo que encontro frente ao espelho, este reflexo que se produz em minha consciência: ao pensar na força do mar, no impacto voraz das ondas sobre as rochas, no ímpeto por vezes desmedido e incontido de uma pulsão marítima, oceânica, encontro nessa visão a pintura natural de minha própria natureza. E talvez só me falte descobrir onde o pintor escondeu seus pincéis... Mas para quê? Não há em tudo isso significativa - perfeição?

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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.

terça-feira, 28 de outubro de 2008














Quero pôr meus pés na terra molhada
Quero entender que o amanhã
Incerto como a mais certa das hipóteses
Leva minha vida, minha cor, leva-me
Como que pelo vento do que não é ainda
Sem saber que pouco sabe o vento
Seja de onde vem, seja para onde vai

Quero pôr-me sob os galhos de uma árvore
Sob a sombra entardecida de Outono
Onde belas flores jazem mortas
Onde não mais se ouve a voz dos pássaros
O canto que florescia à luz do dia
Que não mais floresce hoje em dia
Sou levado tão somente a compor.

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