Por que estas pulsões ocêanicas?

Pois é verdade que se eu não havia sequer pensado sobre uma metáfora que ilustrasse com precisão poética e elegância filosófica - sim, com precisão poética e elegância filosófica! - aquilo que encontro frente ao espelho, este reflexo que se produz em minha consciência: ao pensar na força do mar, no impacto voraz das ondas sobre as rochas, no ímpeto por vezes desmedido e incontido de uma pulsão marítima, oceânica, encontro nessa visão a pintura natural de minha própria natureza. E talvez só me falte descobrir onde o pintor escondeu seus pincéis... Mas para quê? Não há em tudo isso significativa - perfeição?

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A poesia é a capacidade de condensar em belos versos a riqueza experiencial de nossas impressões. Ela é a mais elevada forma de arte literária - na verdade, literatura só é arte se participa intrinsecamente da poesia.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Uma última lascividade, do ano



Senti meu corpo no toque
na pele teu corpo, amor
paixão que arde em brasa
lago de fogo e de dor.


Já não me vejo, me encontro
seios me cegam à noite
pousada de minha loucura
ternura - afago - açoite.


Tropeço e caio, pálido
intenso suor de inverno,
se bebo do cálice, morro
prazer de amar no inferno.

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